Milhares de histórias poderiam ser contadas pelo material a partir desse triângulo. O difícil seria costurar uma só, que traduzisse todo o significado dessa busca pela cachoeira, que era uma busca pelo verde, por uma reaproximação da natureza. Aqui, o caminho é um fim em si mesmo: importa a própria trilha, a conversa entre os passos, a troca de cultura, a sabedoria do povo local, as reações da floresta. O abrir de caminho.
É um curta ansioso, sim. Uma montagem com urgência em mostrar. Poderia ter mais respiros, poderia narrar com mais calma. Mas é uma pressa fascinada em descobrir e falar. É também um documentário sobre a descoberta mútua entre os personagens: Alessandro e David se aproximam, trocam ideias, descobrem que compartilham de um forte elo com a mata. Nos chamam a enxergar a floresta, a ouvi-la, junto deles.
Então, como desfecho dessa grande troca, temos o registro de uma fascinante interação com a força da cachoeira: a alegria da proximidade que foi aos poucos construída.
Assim, o curta realmente narra o que há de mais importante nessa caça: o resgate do “elo que foi perdido entre nós e essa natureza” – nas palavras de Alessandro de Sousa Alencar.”
(Nathália dos Santos Silva – Roteiro e Montagem “O Caçador de Cachoeiras”)